Transparente - 21
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
IA
O grande desafio de uma relação mais saudável com a tecnologia.
Como podemos evitar o envenenamento da rede sem reduzir radicalmente a nossa presença na Internet? Podemos deixar de ser escravos e colocar a tecnologia ao nosso serviço? Até agora, a nossa relação com ela oscilou entre a demonização e a adoração. Mas chegou a hora do bem-estar digital.
Geoffrey Hinton (GH), considerado um dos padrinhos da Inteligência Artificial (IA), foi convidado pela Universidade de Chicago (algures janeiro 2024) para falar sobre o tema. O título não poderia ser mais sugestivo, a saber: Estamos todos condenados? Na palestra, esperava-se que GH debatesse se a inteligência artificial poderia ser considerada uma “ameaça existencial”. A resposta foi curta e incisiva a qual não mostrou dúvidas sobre isso. Meses antes, ele havia renunciado ao cargo no Google devido ao desvio perigoso que viu nos modelos generativos que estavam sendo desenvolvidos.
Quando Segunda Guerra Mundial terminou eu era jovem e hoje sei que vou morrer antes de vocês (público assistente de vinte e poucos anos) o qual só conheceu o século 20 por boatos, GH, 76 anos, disse atrevidamente: “Planeei a minha vida perfeitamente. Nasci antes que tudo isto explodisse. Um estudante perguntou-lhe quais as profissões que não seriam ameaçadas pela nova invenção. GH respondeu-lhe: “Torne-se um canalizador”. Outro pediu-lhe uma recomendação para se proteger dos perigos da IA, e ele insistiu, fazendo o público rir: “Meu conselho é fazer 76 anos”.
Desde o final de 2023, ano em que foi anunciado que a inteligência não humana poderia moldar as nossas vidas, temos passado de choque em choque. GH pensa especificamente que esta inteligência poderá superar-nos em menos de 10 anos. Ainda não entendemos completamente como os algoritmos das plataformas encurtaram nossos centros de atenção e concentração e, até certo ponto, nos “degradaram intelectualmente”.
“Estamos mais uma vez diante da disquisição tecnotimista ou tecnopessimista”, observa Lorena Fernández Álvarez, engenheira informática e diretora de Comunicação Digital da Universidade de Deusto, que está mais ao lado dos pessimistas. “Não sou de forma alguma um trabalhador da indústria têxtil inglesa (que no século XIX destruíram as máquinas da incipiente Revolução Industrial], mas a tecnologia não é neutra, tira partido das nossas vulnerabilidades psicológicas e tem ideologia. Agora estamos a descobrir que os nossos dados têm sido usados há anos para treinar modelos generativos de IA. Digamos que temos que saber quais são as regras do jogo e decidir se queremos jogar ou não. Dentro de um ano entenderemos melhor qual é o modelo de negócio; Agora o que seus criadores precisam é que haja muita gente utilizando o ChatGPT para, por um lado, extrair mais dados para treinar os algoritmos, e, por outro, gerar uma dependência da ferramenta«.
“Em algum momento, mais cedo ou mais tarde, as autoridades terão que legislar para que nossos dados não possam ser usados para treinar modelos de inteligência artificial”, diz Lucía Velasco, autora de Is an Algorithm Going to Replace You? (Turner, 2022), que trabalha no escritório do enviado tecnológico das Nações Unidas, embora também recomende “interagir com estes sistemas, compreender como respondem e aprender a dar instruções às máquinas”.
Grande parte do medo e da desconfiança vem da própria indústria: em agosto de 2022, mais de 700 investigadores e académicos que dirigem empresas de inteligência artificial responderam a um inquérito sobre os seus riscos futuros, e metade sentiu que havia 10% ou mais de probabilidades de extinção de humanidade causada por desenvolvimentos futuros na inteligência artificial. Um artigo, do escritor Yuval Noah Harari , Tristan Harris e Aza Raskin, fundadores do Center for Humane Technology, quase imediatamente fez uma pergunta retórica: “Se você está prestes a embarcar em um avião e metade dos engenheiros que embarcaram construíram, eles reconhecem que há mais de 10% de chance de ele cair… você pegaria esse voo?”
Estes receios contrastam com aqueles que encontraram na tecnologia um novo deus para adorar. Sujeitos dispostos a comemorar o entusiasmo que vem do Vale do Silício, que uma vez pagou por um mestrado de 10.000 euros no metaverso – alguém se lembra do metaverso? – ou que gastou fortunas em NFTs. No meio, permanecem milhões de utilizadores perplexos, usufruindo dos grandes benefícios das novas tecnologias e tentando superar os seus abusos, por vezes difíceis de avaliar. Se admitirmos que o melhor caminho para todos é estabelecer uma relação equilibrada e saudável com os nossos dispositivos, com as aplicações que carregamos neles e com as cinco plataformas que dominam a Internet, deveríamos começar por colocar a tecnologia no seu devido lugar: nem anjo, não demônio Porém, não parece que seja muito fácil.
A história recente, diz-nos Javier Jaén, está repleta de experiências extremas de desconexão, algumas ligadas a experiências espirituais, e outras mais pragmáticas que buscam a otimização cognitiva e a máxima produtividade. Ultimamente surgiram aqueles que se vangloriam de não precisar da Internet e declaram, com mais ou menos solenidade, a sua morte online .
É a história de Paul Jarvis, empresário, fundador de diversas startups no Vale do Silício, algumas incluídas na lista Fortune 500. Em 2020 decidiu desaparecer excluiu, para o efeito, o seu site e o seu boletim informativo de domingo – o relevante Sunday Dispatches – e fechou a sua conta pessoal no X. Num podcast, ele deu vários motivos para o susto. Uma delas foi esta: “Não preciso que a minha atenção e largura de banda mental sejam absorvidos pelas redes sociais”. Uma versão menos radical do susto online são os jejuns de dopamina que geralmente são anunciados. Por detrás disso está a ilusão de diminuir a avalanche de novidades e o movimento constante de luz e cor que híper-estimula o nosso cérebro.
Fugir da tecnologia, pelo menos por algumas horas, é também uma das regras daquele que alguns consideram o homem mais produtivo do mundo, o escritor Cal Newport , criador do método de trabalho profundo que detalha no livro Céntrate (Península, 2022). Newport explica por e-mail que a concentração é o superpoder da nova economia. “Há cada vez menos indivíduos capazes de se abstrair das distrações para maximizar as suas capacidades cognitivas”, diz ele.
Newport foi a primeira cobaia de seu método. Ele inspirou-se num cientista teórico, ganhador de uma bolsa do MIT, que trabalhava em silêncio e não respondia a e-mails de estranhos. Num ano publicou 16 artigos académicos. Passou por um regime semelhante, actualmente não tem redes sociais e não utiliza a internet por padrão. Em 10 anos a sua metodologia permitiu-lhe escrever quatro livros e vários artigos académicos, concluir um doutoramento e obter um cargo permanente como professor de Ciência da Computação na Universidade.
Outros brincam com o tempo e estabelecem algumas horas por semana para ficarem conectados. Por ex: 12 horas na Internet, quatro dias por semana, foi o sistema de gestão temporário encontrado.“Temos que começar a ter dias offline . É hora de colocar limites à tecnologia (agora e não mais tarde.
Especialistas acreditam que é “difícil” manter uma relação equilibrada com estas tecnologias. “Tentar uma desconexão total seria muito distópico”. “Isso deixar-nos-ia totalmente isolados; “Ou é feita uma migração conjunta de todas as plataformas ou isso não será possível.”
Vários estudos realizados indicam que os nossos padrões de consumo em dispositivos digitais apontam para que a maioria das pessoas optaria por reduzir o tempo que passa colada ao telefone. Equilibrar a nossa relação com as tecnologias é um passo importante na procura do que hoje se chama de bem-estar digital, uma relação tranquila com a tecnologia em que esta é a ferramenta e não nós.
quinta-feira, 13 de junho de 2024
Eleições Europeias (dupla vitória PNS)
O PS liderado por Pedro Nuno Santos (PNS) ganhou as últimas eleições para o Parlamento Europeu (10/06/2024) com uma escassa margem para a AD, é um facto, mas ficou à frente e com uma lista apresentada pela sua equipa.
Lista produto da sua liderança (recente) à frente de um partido profundamente estigmatizado por uma geração de políticos formados por dinâmicas ultrapassadas. Equipa nova, curiosamente com experiência governativa, mas com novas ideias disruptivas.
PNS logo que conheceu os resultados, de imediato, anunciou a realização dos Estados Gerais do PS para clarificar posições políticas e novas estratégias.
PNS com este resultado alcança, assim, uma dupla vitória – interna e externa.
terça-feira, 11 de junho de 2024
O meu 25 de abril
Igual a todas as manhãs: levantar – passar a água fria (gelada) pela cara e pelo cabelo – e arrancar com os livros pendurados e escolhidos, previamente, no dia anterior. Era a rotina estabelecida que começava às 8 horas e terminava, normalmente, às 17 horas, cinco dias por semana, por vezes com alguns acertos aos sábados.
O caminho até às aulas era feito em silêncio, às vezes interrompido por uma brincadeira ou então por alguma surpresa feminina, agradável e desejável. E foi assim também naquela manhã fria e coberta de nuvens e sobretudo envolta numa humidade enorme. Tudo se repetia – não havia novidades.
Mas naquele dia fomos surpreendidos, aparentemente, a escola estava encerrada e ao fim de algum tempo foi-nos dada a indicação, sem grandes explicações, que poderíamos regressar a casa e que oportunamente chegariam novas orientações.
A partir daí a evoluções das coisas foi vertiginosa, a massificação e a participação social e cultural tomou conta de nós. Começámos a ser tratados como novos homens e mulheres.
Novos tempos – palavras novas.
Como escrevia o poeta:
… Viemos com o peso do passado e da semente,
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente,
E a sede de uma espera só se estanca na torrente.
… Vivemos tantos anos a falar pela calada,
Só se pode querer tudo quando não se teve a nada,
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada.
… Só quer a vida cheia quem teve a vida parada.
… Ai, só há liberdade a sério
Quando houver:
... A paz, o pão
Habitação, saúde e educação,
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir.
… Quando pertencer ao povo o que o povo produzir.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024
TEDÊNCIAS – Continuação (incógnita)
Prever 2024 é, nesta fase do novo ano, um exercício difícil pelas incógnitas correspondentes. Por isso recorremos à experiência vivida em 2023, tendo obtido uma listagem de temas / assuntos que nos pareceram ser as TENDÊNCIAS mais relevantes. Um mundo com muitas incógnitas, a saber:
a) Queda do governo da maioria socialista e da liderança de António Costa e consequente eleição de um novo líder socialista;
b) Eleição para Assembleia da Republica e nomeação de um novo governo;
c) Eleição para o parlamento europeu;
d) Subida do Chega e confirmação da 3ª força politica;
e) Redes Sociais – como evolucionam;
f) Digital e robótica – como evolucionam;
g) Guerra na Ucrânia- como será a sua evolução - haverá paz;
h) Conflito em Gaza – Israel e Hamas;
i) Médio Oriente - a questão do Irão e dos seus conflitos sociais;
j) Eleições nos EUA – eventual vitória de Trump;
l) Tensão entre EUA e China - como tudo isso afectará a Europa e consequente perda da sua influência estratégica;
m) Comportamento da Economia Global;
n) Pressões Energéticas – efeito inflacionista;
o) Comércio e Investimento internacional;
p)Migrações-regulação de acordo com a carta dos Direitos Humanos;
q) O governo de Lula e a sua evolução no quadro (difícil) da política brasileira;
r) Evolução da situação política em Espanha.
Acompanharemos e daremos aqui boa nota disso.
Abraço e votos de um bom 2024.
sexta-feira, 5 de maio de 2023
Marcelo, o Vingativo
Quando escrevo este Post o Presidente da Republica (PR) estará a viajar para Londres. O PR por inerência é também o Chefe Supremo das Forças Armadas, viajará, provavelmente num avião requisitado à força aérea. Ainda hoje, ou logo que tenha oportunidade, passeará pelas ruas da capital inglesa incógnito e seguramente convicto de que deixou o país à beira de uma crise institucional grave.
Crise que ele iniciou há muito tempo e que teve ontem a sua formalização quando fez uma declaração ao país, a propósito da demissão de João Galamba (JG) – o ministro que se demitiu e o Primeiro-ministro não aceitou: uma declaração feita, no Palácio de Belém, com pompa e circunstância, violenta e vingativa, pretendendo atingir o PM; uma declaração que teve a particularidade de ser cobarde. Cobarde porque MRS queria vigar-se de AC e não teve a coragem de o fazer directamente e que para o efeito, escolheu o ministro das infraestruturas JG. Chamou-lhe, entre outros, irresponsável, incompetente e pouco confiável.
Ficou claro que MRS, na ocasião, estava a dirigir-se a AC e que nos termos em que o fez abriu uma nova situação institucional em que as relações entre ambos serão no futuro bastante complicadas.
O PR que era para, quase todos, o Presidente dos Afectos e que no dia anterior à declaração saiu do Palácio de Belém para dar um pequeno passeio e comer um gelado e nas circunstancias, distribuir uns beijinhos á população feminina que ia encontrando ficará, a partir de ontem e após as fortíssimas declarações que fez, a ser, também, por muitos, considerado o Presidente Vingativo.
segunda-feira, 1 de maio de 2023
1º de maio (um dia especial)
Dia da Liberdade porque só seremos livres se existir igualdade e solidariedade entre homens e mulheres.
Liberdade individual e colectiva, independentemente das ideologias, géneros, culturas, raças e religiões.
Dia da Liberdade e Igualdade porque só o seremos se existir solidariedade entre os povos espalhados por todas as nações e continentes.
Solidários porque só serão livres os homens e mulheres que tiverem um salário digno e justo.
Sim, o 1ª de maio é um dia especial para celebrarmos e cantarmos a Liberdade a Igualdade e a Solidariedade - até que a voz doa.
domingo, 26 de março de 2023
Comendador Rui Nabeiro
Se for à cidade de Campo Maior facilmente encontra referências aos Cafés Delta e ao Grupo com o mesmo nome, constituído por 22 empresas.
Tudo começou numa pequena empresa – Delta Cafés – em 1961. Na altura era constituída por 3 trabalhadores e um moinho de torrefação. Hoje o Grupo Delta dá emprego a cerca de 4000 trabalhadores e é conhecido e comercializado em 41 países. Dos 3 trabalhadores iniciais um é o principal responsável pelo crescimento e desenvolvimento de uma ideia e de um projeto impar e único em Portugal.
O responsável chama-se Rui Nabeiro deixou-nos recentemente e eu aproveito para lhe deixar aqui uma pequena homenagem de respeito e profunda admiração. O Senhor Rui, como gostava de ser tratado, é também conhecido no grupo, pelos seus trabalhadores, fornecedores, clientes e por muita gente com a qual se cruzou ao longo da vida por ser um homem com um elevado nível de Responsabilidade Social.
O Comendador Rui Nabeiro por aquilo que realizou e nos deixou deve ser uma referência para todos nós e em especial para o mundo empresarial e académico português.
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