terça-feira, 29 de abril de 2008

Agradável surpresa...


No fim-de-semana último (25 a 27 de Abril)
tive o prazer de ir ver uma exposição de
Amadeo Modigliani ao Museu Thissen
em Madrid.
Surpresa das surpresas, a brochura
(guia do museu),
encontrava-se, entre outras línguas, publicada em
Português
. Uma iniciativa que importa registar
.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Pelo acordo ortográfico - com afeto.


"Odeio não quem escrevem em orthographia simplificada, mas a pagina mal escrita, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da translitteração greco-romana veste-m’a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha".

(Fernando Pessoa, sobre os acordos ortográficos de 1931 – comentário irónico)

A ortografia é apenas uma pequena parte da vida de uma língua. Seria de esperar que ele, o dito acordo, não tivesse dificuldade em ser aprovado.

No caso deste acordo foram sentidas fortes dificuldades quanto ao entendimento, dificuldades em enfrentar os fantasmas que ainda hoje envolvem colonizados e colonizadores. Curiosamente e no que diz respeito aos brasileiros, os portugueses, ainda hoje, tem medo de ser colonizados por aqueles.

Por outro lado convém saber, antes de tudo, que qualquer acordo tem que ter bem explicita a vontade das partes com vista à sua realização. Tem que ter também bem explicita as vantagens e os inconvenientes que afectem as partes envolvidas.

Por outro lado, qualquer acordo, seja ortográfico ou outro, subentende na fase (s) implícitas da sua construção e feitura um processo negocial ou melhor, no caso vertente, negociações complexas. Subentende então, como qualquer acordo, cedência das partes envolvidas. Subentende entendimento. Subentende a existência de interesses comuns. Subentende, no desenvolvimento do processo negocial, a ultrapassagem dos antagonismos mais sérios e naturalmente, cedência das partes.

O espaço da chamada lusofonia é hoje constituído por oito países soberanos: Angola (12.263.596 habitantes); Brasil (190.010.647 habitantes); Cabo Verde (423.613 habitantes); Guiné/ Bissau (1.472.780 habitantes); Moçambique (20.905.581 habitantes); Portugal (10.642.836 habitantes); São. Tomé e Príncipe (199.579 habitantes); Timor (1.084.971 habitantes). A estes há ainda que acrescentar Macau (456.989 habitantes).

Uma realidade incontornável onde a língua é de facto fundamental para enriquecer e fortalecer o cimento que é organicamente constituído por realidades e conteúdos culturais diferentes. Insistir na afirmação individual dessas culturas é fundamental.

É fundamental abrir janelas que permitam materializar as diferenças culturais, que permitam arejar os comportamentos, nesse âmbito faz todo o sentido que a língua comum seja simplificada e escorreita.

Como disse Pessoa e para fechar, faz todo o sentido, sobretudo nesta era globalizada, dizer que a nossa língua é a nossa verdadeira pátria.