sexta-feira, 28 de março de 2008

As Emoções...

Dan Ariely professor de psicologia do consumo no Instituto Tecnológico de Massachusetts escreve regularmente no The New York Times e The Wall Street Journal Y Science, deu, recentemente uma entrevista ao jornal “EL Periódico” (Catalunha) onde revela algumas conclusões a que chegou no âmbito da investigação aos chamados impulsos irracionais.

Entre outras, saliento as seguintes passagens:

- …
Há uns anos fui vítima de uma explosão que me deixou queimado 70% do corpo. Passei três anos no hospital a recuperar-me. O que mais me custava enfrentar era a tortura do banho, porque as enfermeiras, antes do banho, tinham que me tirar as ligaduras que me cobriam toda a superfície do corpo. …A dor era enorme, quem passou por experiência semelhante sabe que se as ligaduras forem tiradas de forma rápida a dor será muita aguda, se forem tiradas de forma lenta a dor será menos intensa… No meu caso e sem perceber porquê, foram tiradas de forma rápida;

-...
mais tarde investiguei a situação e cheguei à conclusão que as enfermeiras optaram por tirá-las rapidamente, porque assim terminavam de forma mais célere e tornava-se menos doloroso para elas…
…Foram decisões irracionais, justamente porque somos humanos. Efectivamente não fomos desenhados (formatados) para viver neste mundo actual. mas sim num ambiente totalmente diferente, animal
;

- …
Por outro lado, constatei que a excitação sexual transforma as pessoas em seres completamente diferentes. Através de um grupo de jovens verifiquei, numa primeira fase, e em condições normais as suas preferências sexuais eram muito politicamente correctas. Numa segunda fase e após estarem excitados sexualmente pude verificar que o seu comportamento mudou radicalmente deixando de ser tão politicamente correcto;

- … O
terreno das emoções é muito interessante. Porque as emoções não fazem parte do nosso sistema cognitivo. Séculos atrás, quando um homem se encontrava com um animal no meio da selva não se lhe colocava nenhuma dúvida relativamente ao que fazer. Com bom senso seguia as indicações fornecidas pela emoção.

Hoje em dia alguma publicidade gratuita e grotesca utiliza e manipula a favor de certas campanhas de vendas a exploração emocional do público potencial comprador. Os meios mais utilizados, normalmente, estão relacionados com os espectáculos que envolvem um número significativo de massas onde obrigatoriamente e naturalmente se inclui o desporto e o futebol em particular.

Assim, as autoridades competentes e as organizações responsáveis pela organização dos espectáculos desportivos tem obrigatoriamente de criar regras que defendam os interesses em, primeiro lugar, dos seus praticantes e, em segundo, dos adeptos.

Neste contexto faz todo o sentido o aparecimento e o desenvolvimento das organizações destinadas às causas referentes aos direitos dos praticantes e dos consumidores/espectadores. Trata-se de defender e proteger os DIREITOS DE CIDADANIA.

A realização, próxima, dos Jogos Olímpicos na Chinaum país dois sistemas – será neste mundo global em que vivemos um “laboratório” excepcional em que um dos elementos essenciais a avaliar e eventualmente “a explorar”será certamente o das emoções.
Vai ser também, certamente, muito emocionante acompanhar os jogos.


Pedro Vieira (vyeyra@gmail.com)

domingo, 23 de março de 2008

O futebol como espectáculo desportivo

(Banda rock Tokio Hotel)

Jorge Valdano, antiga estrela da selecção de futebol da Argentina, escreveu acerca da evolução do futebol e neste contexto ao facto de “a curto prazo o resultado salvar do fracasso, a longo, só o bom jogo permitirá voar, seduzir e conquistar”. Disse ainda que “o futebol é cada vez mais um símbolo representativo particular, é cada vez mais um espectáculo global e luminoso e, como sempre, sentimental”.
Eu acrescentaria, para se salvar terá no futuro de ser também um território potenciador das emoções.

Vem este assunto a propósito de um espectáculo musical que esteve previsto realizar-se no dia 16/03/08 no Pavilhão Atlântico em Lisboa com a banda de rock alemã Tokio Hotel - um fenómeno de popularidade considerado pelos especialista semelhante ao dos Beatles anos 60, século passado.
Disse previsto, porque em cima da hora e já com o público no pavilhão e por motivos inesperados de saúde do vocalista Bill kaulitz (1/09/89), o concerto foi cancelado.

Eu e a minha filha (14 anos) também estávamos no pavilhão quando foi anunciado ao público presente, cerca de 15.000 espectadores, na maioria jovens, que o concerto não se realizaria.

Enquanto esperava pelo início do concerto reflecti sobre algumas questões as quais, de forma não ordenada, passarei a partilhar:

1 - Na sua grande maioria o público presente era muito jovem (raparigas e rapazes);

2 - Enquanto se esperava pelo início do espectáculo os jovens presentes iam participando activamente e de forma disciplinada na organização do evento;

3 - As/os fãs exibiam com criatividade as suas coreografias alusivas;

4 - Os meios mediáticos e tecnológicos existentes e postos à disposição eram, nas circunstâncias, excelentes;

5 - Os sítios da Internet dedicados ao evento e protagonistas foram, atempadamente, excepcionais do ponto de vista da informação e conhecimento – historiais, vídeos, pautas musicais, literatura, etc;

6 - O/a participante, a/o espectador, o/a profissional envolvidos faziam parte integrante do espectáculo. Efectivamente minutos depois da notícia sobre o cancelamento do concerto, a informação já corria na Internet e era já partilhada e comentada pelos internautas.

Em conclusão penso que o futebol enquanto indústria de espectáculo tem que fazer algo mais para que os jovens passem a ir também mais vezes aos estádios. Para isso deve ser repensado profundamente o modelo de espectáculo de maneira a que os jovens e menos jovens tenham participação activa e massiva no mesmo e que a curtíssimo prazo – já hoje – sejam cumpridos os novos desafios que se colocam a uma sociedade que queremos mais participativa e global.


(Nota: Uma ou duas semanas antes do concerto dos Tokio Hotel em Lisboa, a jovem minha filha recolheu na Net umas pautas da banda e gravou em piano uma das musicas mais conhecidas. )


Pedro Vieira (
vyeyra@gmail.com)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Rigor e Competência


Seleccionei duas notícias recentes que pela sua acuidade e importância me mereceram particular atenção, a saber:

Portugal é o país da UE com o menor número de cientistas e engenheiros, em termos de ranking estamos em último lugar. Somos dos países que menos PIB dedica aos assuntos da ciência e da inovação;

As regiões portuguesas são as mais atrasadas da Península Ibérica no que diz respeito ao potencial económico.

Estas duas notícias provenientes do Eurostat e do Ministério das Finanças são preocupantes e colocam-nos sérios desafios. Desafios que em rigor apenas serão solucionáveis a médio prazo, e que para o efeito, exigirão partilha de esforços e meios. Curiosamente constatamos que os conteúdos referidos nas duas notícias estão inter-relacionados. De facto o desenvolvimento das regiões e o seu potencial económico está relacionado/dependente dos níveis científicos e de inovação associados.

Fundamental para o desenvolvimento das sociedades é a capacidade emprestada pelas organizações públicas e privadas, quanto mais ricas e competentes forem estas maiores serão os níveis de produtividade e de riqueza concomitantes.

A indústria do futebol, que em Portugal e na Europa gerem meios económicos, financeiros e emocionais significativos, justificam uma atenção atenta e se possível especializada.

Nesta perspectiva gostaria de transcrever aqui algumas ideias chave desenvolvidas por Filipe Soares Franco numa excelente entrevista dada pelo presidente do SCP à revista “HOMEM – magazine”(Março 2008 // n.º228)´, a qual se desenvolve em torno da problemática sportinguista.

Entre outras saliento as seguintes passagens que passo, de forma resumida, a mencionar:

1 - O importante relativamente ao Sporting e ao seu futuro é garantir em primeiro lugar que a instituição tenha estabilidade económica e financeira. Para isso é fundamental conseguirmos a redução do endividamento para níveis próximos dos 150 milhões de euros. Se paralelamente o Sporting conseguir receitas e proveitos que rondem os 55 milhões de euros e os custos próximos dos 40, 45 milhões de euros, será possível ao clube manter os seus talentos e com isso criar uma equipa forte de futebol;

2 - Paralelamente devem os sócios do clube fazerem uma profunda reflexão interna sobre aquilo que se quer para o futuro;

3 - É muito importante, atendendo ao facto de o futebol ser uma indústria de capital intensivo, que num futuro próximo se comece a apostar forte no reforço do capital intensivo das SAD(s);

4 - É muito importante o Sporting ser um clube uma instituição de sócios. Para isso é fundamental apostar em novas campanhas de angariação. É determinante chegarmos o mais rapidamente possível ao patamar dos 150 mil sócios. Por isso foi recentemente lançada a campanha do novo cartão de sócio;

5 - São três os grandes slogans que o Sporting deve ter no futuro: (i) grande campanha de angariação de sócios, cobrindo o universo das famílias portuguesas quer em Portugal quer no estrangeiro; (ii) grande representatividade dos núcleos; (iii) grande imagem e marca altamente competitivas;

6 - O Sporting tem que ser um grande projecto, para isso necessita de dar um grande contributo à sociedade, precisa ser verdadeiramente um Projecto Solidário;

7 - É fundamental que o actual Conselho Directivo do SCP termine o seu mandato. A estabilidade directiva é um valor fundamental para o clube/instituição.
Pedro Manuel Vieira

terça-feira, 11 de março de 2008

Texto referência - Transparente-21

Esta é uma carta de intenções, um compromisso genérico (linhas gerais) sobre aquilo que se pretende para este espaço. Cumpre por isso definir alguns propósitos, a saber:


Este é e será sempre um espaço aberto a todos aqueles que nos queiram ler e comentar;

A Linha Editorial terá como denominador comum a palavra transparência e neste âmbito estende-se a todo o universo social, económico e politico;

Estão interditos quaisquer textos, imagens e sons de natureza pornográfica;

A publicação de textos e fotos ficam reservados ao editor, o qual para o efeito possui uma caixa postal própria com o endereço informático: vyeyra@gmail.com ;

Sempre que se publiquem textos, imagens e sons, os autores dos mesmos serão sempre informados da edição por via e:mail;

Os conteúdos dos textos, imagens e sons são integralmente da responsabilidade dos seus autores;


A palavra transparente vem do latim transparentis e que significa, qualidade do que é transparente. Está relacionada com clareza – no sentido da qualidade do que é claro ou inteligível, límpido;

Está relacionada com a palavra coloidal – no sentido de se assemelhar e com cristal – porque é incolor.


Finalmente e para terminar um voto sincero, divirta-se e seja sério e transparente.



Carcavelos, 11 de Março de 2008