terça-feira, 4 de outubro de 2022

Despedida desafiante

No passado dia 14 de setembro fez 35 anos que entrei para o então Núcleo de Auditoria do IEFP, I.P. Na altura era um luxo trabalhar na casa, dizia-se e defendia-se que o IEFP almejava ser uma instituição pública gerida de forma privada. Os desafios eram imensos, o país preparava-se para entrar na Comunidade Económica Europeia (CEE), as políticas públicas de emprego, formação e reabilitação profissional eram cruciais para alavancar o tecido económico e social. Nas terras mais recônditas passou a haver um Centro de Emprego e em muitas capitais de distrito um Centro de Formação Profissional. Os parceiros sociais (sindicatos e associações empresariais) começaram ainda a criar, conjuntamente com o IEFP, os Centros de Formação Profissional geridos, e assentes de uma maneira inteligente, num modelo de parceria, refiro-me aos Centros de Gestão Participada – ultrapassando hoje as duas dezenas. De uma forma tripartida, aquilo que viria a ser o Conselho Económico e Social, funcionava regularmente no IEFP. O IEFP era governado no topo por um órgão executivo, Comissão Executiva, e um Conselho de Administração onde tinham assento todos os parceiros sociais e alguns ministérios. Estes órgãos eram suportados organicamente por serviços centrais, incluindo aqui os departamentos e direções de serviços especializados e finalmente as cincos delegações regionais com os seus serviços de coordenação e controlo dos Serviços de Emprego e Formação Profissional da sua área geográfica afeta. O IEFP era então um Instituto Publico de referência com níveis de autonomia e responsabilidades institucionais próprias enquadradas nos princípios e orientações preconizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Algumas coisas alteraram-se com os anos decorridos designadamente e principalmente no que diz respeito à diminuição dos níveis de autonomia e responsabilidades próprias. Mas muita coisa ficou e o IEFP também melhorou. Hoje as responsabilidades orçamentais e financeiras estão suportadas por instrumentes de controlo e de registo adequados, os serviços de emprego e formação utilizam igualmente instrumentos estatísticos e de controlo, a instituição é hoje servida por um instrumento de informação, que permite suportar as necessidades de gestão e controlo interno. O futuro das novas tecnologias e competências digitais e robóticas serão fortemente desafiantes para o IEFP e naturalmente para os seus trabalhadores. O trabalhador do IEFP, principal ativo da instituição, tem hoje ao seu dispor suportes formativos (internos e externos) que conjugados com os níveis académicos elevados serão no futuro desafiantes e esperançosos. Ao IEFP reservar-se-á, no quadro institucional português, uma responsabilidade importante naquilo que serão os desafios estruturantes que se irão colocar aos trabalhadores e empresas.