quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Labirinto

Pela manhã, bem cedo, às 7,30, enquanto espero o comboio que me transporta todos os dias para o Cais-do-Sodré -1ª etapa – para chegar ao meu local de trabalho em Xabregas, aproveito para ler a entrevista publicada pelo jornal Destack (27-10-2010) ao Professor Adriano Moreira.

Excelente entrevista (lucidez sábia) aos 88 anos, retenho várias coisas, permito-me citar duas:

“... Já há estudos que se ocupam do fenómeno crescente a que chamam contra-democracia. É urgente restaurar a confiança”;

“ ... Um dos sinais mais graves para a decadência de um país é precisar do técnico, ter o técnico, mas não empregar o técnico”.

A meio da tarde sou (somos) surpreendido pelo final (abrupto) das negociações dos dois principais partidos (PS e PSD) sobre o Orçamento do Estado para 2011.
Ninguém percebeu, de imediato sou (somos) metralhado com explicações / justificações para o não acordo - eles são rádios, televisões, sites dos jornais, etc..

No princípio da noite voltamos a assistir aos apelos para futuros entendimentos, de novo um chorrilho de declarações sem qualquer justificação e objectividade.

Já noite avançada começam a ouvir-se alguns apelos com vista à intervenção do FMI – são, mais uma vez, os puristas salvadores e as suas messiânicas soluções.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Atlas das Migrações

Atlas das Migrações
No âmbito das comemorações do centenário da Republica, a Comissão do evento conjuntamente com a Fundação Gulbenkian promoveu um estudo realizado pelo Centro de Investigação e Estudos Sociológicos do ISCTE - IUL. O estudo aborda o fenómeno migratório em Portugal, e o seu coordenador é o académico Rui Pena Pires.
O resultado vai chamar-se "Atlas das Migrações" e será lançado proximamente dis 11/10, aquando da realização de um colóquio sobre os assunto na Gulbenkian. O Atlas tem como destinatários a Academia, as Politicas Públicas e finalmente o público em geral.
Algumas notas subjacentes ao mesmo:
- O destino dos portugueses emigrantes, no período de 1950 - 1974, foi a Europa 1.122.357, a África 26.748, Brasil 316.240, Oceania 3.200 e América 343.382 ;
2ª - Embora Portugal seja também um país com imigrantes, o défice é enorme em relação a estes;
- A emigração tende a provocar desequilíbrios demográficos importantes , com incidências negativas no sistema da Segurança Social;
Se não compensarmos as saídas (emigrantes) - a alternativa é a substituição através da entrada de imigrantes - mais tarde ou mais cedo, teremos problemas graves em consequências da necessidade da substituição de activos no mercado de trabalho e concomitantemente de défice de financiamento do nosso sistema de Segurança Social.
O processo emigratório acaba por gerar desequilíbrios em sectores (com carências de mão-de-obra), justamente naqueles que são mais dinâmicos e que por sua vez, estão mais internacionalizados e que dão mais oportunidades aos portugueses que vão para fora;
- O país da UE com mais emigrantes é o Reino Unido, contudo tem sabido, inteligentemente, compensar as saídas com as entradas (imigrantes);
- No futuro (hoje) é importante preparar quantitativa e qualitativamente o nosso processo migratório, quebrar os tabus e os medos associados e fomentar as redes de cooperação.