Os dividendos resultantes do
crescimento económico estão, pelo visto, a acumular-se em poucas mãos. Os beneficiários
desse crescimento são efetivamente muito poucos.
Esta tem sido uma das consequências
da atual crise – esta tem sido a realidade da zona euro, i/é; austeridade mais austeridade
com forte diminuição do poder de compra da maioria da população e ao invés um fortíssimo
enriquecimento de alguns, poucos. Daí a desconfiança que se instalou com as
afirmações de que já estamos no final da crise e com sinais evidentes de
recuperação económica. O que as pessoas estão a ver e a sentir é que a
recuperação está a ser acompanhada de maior desigualdade na distribuição da riqueza
gerada.
Como explicar então esta discrepância entre aumento da riqueza
gerada (crescimento) e equidade.
Salientam-se alguns aspetos explicativos da discrepância:
a)
Política de austeridade – está a “destimular” a política
fiscal e assim a impedir a criação de estímulos para o crescimento e
concomitantemente uma mais correta distribuição dos rendimentos. Ao contrário,
verifica-se que o aumento dos encargos com a da dívida pública está a ser
financiado pelo aumento dos impostos que mais tem afetado as classes
trabalhadoras, ao mesmo tempo que enriquecem os detentores (poucos) da dívida
pública;
b)
A injeção de dinheiro “barato” em quantidade abundante
na economia, por parte dos bancos centrais, está a enriquecer a banca
retalhista que assim compra barato e vende alto às famílias, empresas e ao
próprio estado;
c)
O modelo alemão que assenta essencialmente no aumento
da competitividade por via das exportações, mediante a desvalorização interna
dos salários. Esta compreende a diminuição do poder aquisitivo das populações (maioria)
e concentra a riqueza gerada em muito poucos,
d)
O aumento da fragilidade contratual, que permite ao
empregadores contratar como muito bem querem, i/é, pagar como muito bem
entendem, sem qualquer segurança para os trabalhadores.
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