terça-feira, 26 de novembro de 2013

Consequências de uma má recuperação


Os dividendos resultantes do crescimento económico estão, pelo visto, a acumular-se em poucas mãos. Os beneficiários desse crescimento são efetivamente muito poucos.
Esta tem sido uma das consequências da atual crise – esta tem sido a realidade da zona euro, i/é; austeridade mais austeridade com forte diminuição do poder de compra da maioria da população e ao invés um fortíssimo enriquecimento de alguns, poucos. Daí a desconfiança que se instalou com as afirmações de que já estamos no final da crise e com sinais evidentes de recuperação económica. O que as pessoas estão a ver e a sentir é que a recuperação está a ser acompanhada de maior desigualdade na distribuição da riqueza gerada.

Como explicar então esta discrepância entre aumento da riqueza gerada (crescimento) e equidade.

Salientam-se alguns aspetos explicativos da discrepância:

a)      Política de austeridade – está a “destimular” a política fiscal e assim a impedir a criação de estímulos para o crescimento e concomitantemente uma mais correta distribuição dos rendimentos. Ao contrário, verifica-se que o aumento dos encargos com a da dívida pública está a ser financiado pelo aumento dos impostos que mais tem afetado as classes trabalhadoras, ao mesmo tempo que enriquecem os detentores (poucos) da dívida pública;
b)      A injeção de dinheiro “barato” em quantidade abundante na economia, por parte dos bancos centrais, está a enriquecer a banca retalhista que assim compra barato e vende alto às famílias, empresas e ao próprio estado;
c)      O modelo alemão que assenta essencialmente no aumento da competitividade por via das exportações, mediante a desvalorização interna dos salários. Esta compreende a diminuição do poder aquisitivo das populações (maioria) e concentra a riqueza gerada em muito poucos,
d)     O aumento da fragilidade contratual, que permite ao empregadores contratar como muito bem querem, i/é, pagar como muito bem entendem, sem qualquer segurança para os trabalhadores.

Por tudo isto há quem afirme, que em tempo de crise, uma recuperação mal feita pode causar graves problemas sociais e políticos.

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