quarta-feira, 23 de maio de 2018

Crise no meu clube

Escrevo ( é evidente) sobre o Sporting Clube de Portugal (SCP) e é com uma enorme tristeza que o faço.

Sou adepto do SCP desde que me conheço e seu sócio quando a vida o me permitiu.

Ainda pequeno deslocava-me, quando o tempo e o dinheiro nos permitia, de moto com o meu pai da minha terra de nascença (Alcobaça) para Lisboa, o objectivo era ver o nosso SCP nas mais diversas modalidades desportivas possíveis. Vivíamos num tempo em que praticamente não havia cobertura televisiva dos espectáculos desportivos e daí a importância de os ver ao vivo aos fins de semana; ao sábado os jogos de futebol das reservas do clube e por vezes as corridas na pista de ciclismo, no domingo ficavam reservados os jogos de futebol dos juniores (manhã) e dos seniores (tarde) a finalizar . No regresso - fosse qual fosse o resultado desportivo - era uma festa, a cabeça tinha ficado cheia de imagens e a imaginação florescia no caminho a percorrer (110 km) pela velha estrada que ligava Lisboa a Alcobaça.
Recordo-me ainda  de ir ao Estádio José de Alvalade (estádio multi desportivo) e ficar fascinado com a sua grandeza e colorido.
Recordo-me de ter ouvido, pela primeira vez, um palavrão ao meu pai, resultante de uma "apitadela" do sr. árbitro, tendo ficado pasmado, mas, confesso, convencido da justeza do protesto.
Recordo-me, já nos inícios dos anos 70 da chuva de almofadas que, invariavelmente ganhássemos ou perdêssemos, era enviada no final dos jogos aos policias que circundavam o campo, e que culminava, com a invasão por parte destes das bancadas, pasme-se, à procura dos "delinquentes" arremessadores das pobres almofadas.
Recordo-me das cenas dos cavalos da guarda republicana estacionados nas portas de entrada do estádio, para de forma intimativa "disciplinar" os adeptos.
Recordo-me do aparecimento das primeiras claques, ao tempo do presidente João Rocha, animadas por tambores ensurdecedores e concentrados (meia dúzia) junto à bancada central do estádio.
Recordo-me do Bigodes e das cenas eloquentes do mesmo.
Recordo-me do homem das águas, o presidente Sousa Cintra, e do despedimento, por sua iniciativa, do treinador Bobby Robson quando o clube estava em 2º lugar no campeonato.
Recordo-me da modernização do SCP, dos seus principais protagonistas (Roquete à cabeça) e do galopante endividamento do clube, levando-o a uma situação insustentável.
Recordo-me do surgimento das claques organizadas.
Recordo-me da morte de um adepto do SCP em pleno Estádio Nacional aquando de uma final de uma Taça de Portugal.
Recordo-me do apito dourado e dos seus meandros rocambolescos.
Recordo-me das cenas incríveis passadas numa Assembleia Geral do SCP patética incapaz de aprovar um plano - bastante ajustável, diga-se em abono da verdade -  de reestruturação de uma dívida abissal acumulada pelo clube.
Recordo-me do êxodo de alguns atletas para outros clubes sem que o SCP tenha tirado algum beneficio disso.
Recordo-me e aqui mais recentemente, o surgimento de um presidente "salvador" em que muitos sportinguistas ingenuamente acreditaram nos seus propósitos, mas que as suas atitudes populistas e irresponsáveis vieram rapidamente a mostrar a verdadeira face do "atleta".

À luz dos recentes acontecimentos (gravíssimos) passados no meu clube quero deixar claro aqui que o meu "sportinguismo" continua a estar bem vivo, mas exijo uma clarificação rápida dos órgãos sociais do clube sobre a gravíssima situação em que se encontra a instituição.

SAUDAÇÕES LEONINAS


      

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