domingo, 23 de março de 2008

O futebol como espectáculo desportivo

(Banda rock Tokio Hotel)

Jorge Valdano, antiga estrela da selecção de futebol da Argentina, escreveu acerca da evolução do futebol e neste contexto ao facto de “a curto prazo o resultado salvar do fracasso, a longo, só o bom jogo permitirá voar, seduzir e conquistar”. Disse ainda que “o futebol é cada vez mais um símbolo representativo particular, é cada vez mais um espectáculo global e luminoso e, como sempre, sentimental”.
Eu acrescentaria, para se salvar terá no futuro de ser também um território potenciador das emoções.

Vem este assunto a propósito de um espectáculo musical que esteve previsto realizar-se no dia 16/03/08 no Pavilhão Atlântico em Lisboa com a banda de rock alemã Tokio Hotel - um fenómeno de popularidade considerado pelos especialista semelhante ao dos Beatles anos 60, século passado.
Disse previsto, porque em cima da hora e já com o público no pavilhão e por motivos inesperados de saúde do vocalista Bill kaulitz (1/09/89), o concerto foi cancelado.

Eu e a minha filha (14 anos) também estávamos no pavilhão quando foi anunciado ao público presente, cerca de 15.000 espectadores, na maioria jovens, que o concerto não se realizaria.

Enquanto esperava pelo início do concerto reflecti sobre algumas questões as quais, de forma não ordenada, passarei a partilhar:

1 - Na sua grande maioria o público presente era muito jovem (raparigas e rapazes);

2 - Enquanto se esperava pelo início do espectáculo os jovens presentes iam participando activamente e de forma disciplinada na organização do evento;

3 - As/os fãs exibiam com criatividade as suas coreografias alusivas;

4 - Os meios mediáticos e tecnológicos existentes e postos à disposição eram, nas circunstâncias, excelentes;

5 - Os sítios da Internet dedicados ao evento e protagonistas foram, atempadamente, excepcionais do ponto de vista da informação e conhecimento – historiais, vídeos, pautas musicais, literatura, etc;

6 - O/a participante, a/o espectador, o/a profissional envolvidos faziam parte integrante do espectáculo. Efectivamente minutos depois da notícia sobre o cancelamento do concerto, a informação já corria na Internet e era já partilhada e comentada pelos internautas.

Em conclusão penso que o futebol enquanto indústria de espectáculo tem que fazer algo mais para que os jovens passem a ir também mais vezes aos estádios. Para isso deve ser repensado profundamente o modelo de espectáculo de maneira a que os jovens e menos jovens tenham participação activa e massiva no mesmo e que a curtíssimo prazo – já hoje – sejam cumpridos os novos desafios que se colocam a uma sociedade que queremos mais participativa e global.


(Nota: Uma ou duas semanas antes do concerto dos Tokio Hotel em Lisboa, a jovem minha filha recolheu na Net umas pautas da banda e gravou em piano uma das musicas mais conhecidas. )


Pedro Vieira (
vyeyra@gmail.com)

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