domingo, 11 de abril de 2010

Pelo contrário ...

No passado dia 8 de Abril João César das Neves publicou no Destack um artigo de opinião com o título “Inconsciência” e no qual se insurgiu contra o Diário de Noticias e mais precisamente com a primeira página do jornal publicada no domingo (Domingo de Páscoa), designadamente com a notícia em que se escreveu que “duzentos e cinquenta mil católicos não acreditam na vida eterna”. Diz JCN que o citado jornal se baseou num estudo segundo o qual se concluiu que “25% dos inquiridos não acreditam na ressurreição após a morte, 10% dos quais dizem ir à missa habitualmente”. Diz também que se cometeu “um abuso estatístico comum, porque, esses valores foram multiplicados pela população nacional para dar o título bombástico”. Mais à frente refere – provavelmente por extrapolação – “que a maioria dos portugueses (75%) acredita na ressurreição, a maior parte deles sem sequer praticar religião”. É interessante verificar que JCN, num ápice, passou de manipulado a manipulador.
Na parte final do citado artigo de opinião surge a, inevitável, veia moralizadora/castigadora e com ela a conclusão de que estas questões são muito importantes pelas consequências sociais implícitas – “porque acreditar na ressurreição não é aspecto menor, mas decisivo na vida comunitária. Acreditar que na morte acaba tudo, que não existe justiça certa e que o que se faz fica esquecido, tem enormes consequências na vida pessoal e social concreta”.
JCN não poderia ser mais claro, no entanto e contrariando-o, existem hoje na sociedade portuguesa sinais seguros da forma como se quer sentir e viver o fenómeno religioso, tão evidentes, que será muito difícil negá-los e manipulá-los. É hoje assumido pela sociedade que em Portugal o Domingo de Páscoa é cada vez mais uma data simbólica despida de qualquer significado justiceiro e manipulador que alguns pretendiam e julgavam que fosse possível associar eternamente.

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