segunda-feira, 17 de maio de 2010

i) Informar-se cansa

(Continuação – Comunicação Social – princípios fundamentais)

Voltando a citar Ignácio Ramonet em “Tirania da Comunicação”, diz o autor, concluindo, que “informar-se cansa”. Eu acrescentaria que para estar informados necessitamos, ainda, trabalhar muito.
Efectivamente, hoje, num contexto de cidadania activa e séria é necessário trabalhar muito, muito mais, do que se trabalhava anteriormente. Esta premissa aplica-se a toda a nossa vida (pessoal, profissional e social).
Vamos então a mais alguns pormenores que ajudarão a compreender melhor a situação:

1 – O conceito de informação mudou. Anteriormente informar significava “fornecer uma descrição exacta – e confirmada – de um facto, de um acontecimento, mas também de um conjunto de parâmetros contextuais que permitissem ao leitor compreender o seu significado profundo”. “Dar respostas a questões fundamentais”. Detalhadas – quando, quem, como, porquê consequências, etc.;

2 – Ao invés, hoje, os telejornais limitam-se a mostrar a história em movimento, ou por outras palavras, assistir em directo aos acontecimentos, sem qualquer preocupação de que os telespectadores compreendam o alcance dos mesmos;

3 – O objectivo é que o telespectador não faça grande esforço de compreensão, basta-lhe, simplesmente, olhar;

4 – Resultado desta situação é que a informação e entretimento tendem a confundir-se;

5 – O tempo da informação mudou, sendo esta questão fundamental. A internet e a sua linguagem associada mudaram os tempos da informação. Hoje prevalece a instantaneidade;

6 – A veracidade da informação também mudou. Hoje uma informação é verdadeira, não porque foi suficientemente investigada, mas porque foi insistentemente repetida em vários órgãos de comunicação social.
A repetição substitui-se à verificação. A informação foi substituída pela confirmação;

7 – Os media tem cada vez mais dificuldade em distinguir o falso do verdadeiro. Hoje em dia é possível a um profissional da comunicação social efectuar/escrever de manhã uma notícia num jornal, da parte da tarde comentar essa mesma noticia na televisão, e pela noite enriquecer a mesma com os especialistas na internet.
Este processo, longo, absorve o tempo integral do jornalista e impede-o de fazer o trabalho de investigação, essencial, para a credibilidade da notícia.

Para terminar, e tendo, sempre, presente a necessidade do apoio das novas tecnologias de informação e comunicação, o profissional e o utente/público, tem que fazer um esforço competente de procura, para que os valores baseados na verdade e na autenticidade moral se sobreponham ao imediatismo e ao sensacionalismo.

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