segunda-feira, 13 de junho de 2011

Refexão "exige-se"

Em situações de crise recomenda-se sempre aos protagonistas doses razoáveis de ponderação e bom senso.
Recomenda-se também acção (controlada e justificada), e a reflexão (permanentemente), sendo sobre esta última que irei tecer alguns comentários:

1. A crise está diagnosticada, razoavelmente qualificada e quantificada e por agora, do ponto de vista financeiro, e após o acordo assinado com a troika, suportada.
A troika ao legitimar o financiamento fê-lo ancorada num acordo composto por um conjunto de exigências que, no imediato e nos próximos dois anos, obrigarão a reformas estruturais profundas que se repercutirão na administração pública – saúde, justiça, educação e segurança social – na sociedade civil – privatizações, pequenas e médias empresas e economia informal.
Os resultados finais previsíveis são pouco optimistas e há quem vaticine a necessidade de daqui a dois anos e meio ser necessário reestruturar a dívida.
Contudo é imperioso reconhecer que o espaço de manobra, no âmbito das negociações havidas era bastante reduzido.

Aspectos negativos: Muitos, sintetizando – no futuro mais desemprego e empobrecimento dos portugueses.

Aspectos positivos: O facto de o acordo assinado com a troika ter sido subscrito pelos três principais partidos e as reformas previstas, se realizadas de maneira equilibrada, poderem vir a ser, no futuro, importantes para o conjunto da sociedade portuguesa;

2. A sociedade portuguesa, conforme escreveu o Professor José Gil na “Visão” (9/06), necessitava de “varrer o clima deletério de que há muito vinha envolvendo o País. Clima de medo, de obediência não critica e, sobretudo, de desorientação perante o futuro. Abrir possíveis torna os indivíduos mais inteligentes”. No dia seguinte às eleições havia muita gente de esquerdas (paradoxalmente) feliz com a vitória da direita.
Numa perspectiva de esquerda e é aqui que me posiciono, este estado de espírito é inadmissível, por isso é crucial saber onde a esquerda falhou. Contudo não é altura de apurar responsabilidades, mas antes - e isto sim urgente, e mais importante do que apurar responsabilidades - encontrar as alternativas credíveis, saber o que fazer para alcançá-las.
Falhámos todos os que somos ou nos reclamos de esquerda. Falhámos no desenho das políticas, falhámos na sua aplicação e sobretudo nas reformas concomitantes, falhámos na análise crítica, falhámos nas alternativas;

3. Chegados aqui precisamos ser ESQUERDA e como escreve Rui Tavares no “Público” (8/06) devemos perceber o que ela deve ser nas circunstâncias. E nas circunstâncias, esquerda é “uma aliança. Mais do que uma doutrina ou uma ideologia, a esquerda é a aliança daqueles que não são ricos nem poderosos. A esquerda é uma aliança de pessoas livres e iguais, fraternas entre si na mesma dignidade. Sendo os ricos e poderosos naturalmente poucos, a esquerda terá de ser, para ter força, a união dos muitos. E esses muitos são – como é evidente – muito diferentes uns dos outros”.

4. Em conclusão chegou a hora de esquerda encontrar o seu verdadeiro caminho e isso só será possível se ela se unir e contribuir de maneira transparente para os novos desafios a trilhar para o progresso.

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