sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela


Morreu ontem o maior símbolo da luta contra o apartheid.
Ao longo de toda a sua vida foi um lutador incansável contra o racismo e as desigualdades sociais, um democrata convito e coerente. Madiba foi um dos poucos leaders que esteve acima das ideologias. Por isso foi considerado, justamente, um leader mundial consensual.
Dedicou toda a sua vida à luta contra o regime racista do apartheid, grande parte dela passada na prisão onde foi condenado a prisão perpétua em 1964, quase sempre esteve num profundo isolamento. Muitas vezes foi convidado (aliciado) a mudar de opinião e comportamento, perseguido e muito mal tratado no interior da própria prisão, a tudo isso resistiu, sempre, sempre, sempre sem vacilar.

Quando saiu em liberdade aos 72 anos Mandela tinha tudo para se vingar ou no mínimo para justiçar todos aqueles que injustamente o perseguiram a si e ao seu povo. Escolheu a concórdia e o caminho da paz, estendendo a mão aos seus principais inimigos. São imensas as histórias retratando esse comportamento de inclusão.
Madiba, na altura compreendeu aquilo que muito poucos entenderam – a paz a democracia e o desenvolvimento são incompatíveis com o conflito social e politico permanente inclusive (sobretudo) em África.

Um símbolo da força e da capacidade para que os povos superem o passado.

Conta-se, que poucos dias depois de ter ganho as eleições Mandela, já como presidente, encontrou um imenso africânder no edifício da presidência. Nas circunstâncias tratava-se, justamente, do homem que tinha sido o chefe do protocolo dos anteriores presidentes (Botha e Klerk). Bons dias, como está (?) saudou Mandela. Muito bem, replicou o homem e o senhor presidente como está (?) muito bem replicou também. Mas se me permite disse Mandela o que é que está a fazer (?),estou a arrumar as coisas para me ir embora para o meu lugar de origem. Ah muito bem e onde vai (?). Volto ao departamento de prisões onde trabalhei como comandante. Ah não, sorriu Mandela, não, não. Conheço muito bem esse departamento. Não lhe recomendo que o faça. Mandela, pondo-se sério, tratou de imediato convencer o homem a que ficasse. Veja, nós vimos do campo. Não sabemos como administrar um organismo tão complexo como a presidência, necessitamos da ajuda de pessoas como o senhor. Por favor peço-lhe que fique no seu posto. Tenho a intenção de não cumprir mais que um mandato e no final o senhor será livre, então, de fazer o que quiser.

Madiba possuía à sua disposição um manancial de sedução irresistível, composto de um encantamento infinito, rodeado de uma imensa segurança de si mesmo, princípios inflexíveis, uma visão estratégica e um absoluto pragmatismo.

Ontem faleceu aos 95 anos de idade na sua casa de Johanesburgo, vítima de uma infeção pulmonar (estranha ironia), um homem que esteve em cativeiro durante praticamente 30 anos e que ali contraiu, então, problemas pulmonares que o acompanharam para o resto da sua vida.

Morreu ontem um homem sábio, um dos homens chave do século XX.

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