sábado, 7 de julho de 2012

Receita (pacote) do FMI



Porventura já se escreveu o suficiente sobre este assunto por isso não faz sentido insistir muito sobre o mesmo, no entanto gostaria de abordar dois aspetos normalmente associados ao pacote, designadamente ao crescimento económico e às taxas de câmbio.

O Fundo já interveio em Portugal duas vezes, a primeira em 1977 na sequência do choque petrolífero, a segunda em 1983 motivada pelo estado de falência em que se encontrava o país. Em qualquer das duas vezes existiam várias questões em comum, destacamos quatro: moeda própria (escudo) e consequentemente a possibilidade de manipular diretamente as taxas de câmbio; salários baixos; níveis elevados (potenciais) de crescimento económico.

Desta vez a intervenção está a ser feita num cenário bastante diferente como se sabe, desde logo e fundamentalmente por fazermos parte (legitimamente) de um espaço politico e económico que antes não fazíamos, estou a referir-me à UE.          
Esta nova realidade trouxe a Portugal enormes benefícios económicos e sociais. Vantagens significativas e irrefutáveis sobretudo em situações normais do ponto de vista económico e social.

Chegados aqui colocam-se as questões referentes aos meios necessários para atacar a crise em que estamos mergulhados. E é aqui que se pretende aplicar o pacote tradicional do FMI, simplesmente falta-nos autonomia politica para utilizarmos as ferramentas tradicionais. Falta-nos, fundamentalmente, autonomia para manipularmos as taxas de câmbio.

Resta-nos , neste quadro, baixar brutalmente os salários e esperar que o espaço comunitário cresça para que nós possamos crescer também.

Em alternativa impõem-se medidas que provavelmente os nossos parceiros     da UE e do FMI não estarão de acordo, designadamente:  mais tempo e melhores condições de sustentabilidade para o pagamento da divida soberana;  mais tempo para a redução do défice orçamental; maior abertura e mais crédito para financiar o crescimento económico; reformar toda a administração pública através de um programa permanentemente controlado e financiado pelo ministério das finanças, o qual passará pela obtenção das receitas habituais acrescidas da renegociação das parcerias público-privadas e pelo agravamento da taxação fiscal das grandes fortunas . 

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