domingo, 15 de julho de 2012

Tudo isto dá (muito) que pensar (4)


Na situação atual de crise dizem certos economistas que as coisas nunca mais voltarão a ser na Europa o que eram, fundamentalmente no que diz respeito ao estado social – educação pública, saúde pública e aposentações (reformas). Esquecem-se, provavelmente de forma propositada, de dizer também que nesta lógica não voltarão os salários baixos praticados há 30 ou 40 anos.
Efetivamente o que se está a tentar fazer é criar um clima, nas opiniões públicas europeias, de que o modelo social europeu é insustentável do ponto de vista da racionalidade económica. Em resumo os estados gastam de mais, não apenas porque são excessivamente despesistas mas também porque o modelo, propriamente, é insustentável.
Esta falsa ideia é facilmente assimilada por um jovem devidamente habilitado e formado que se encontre desempregado, ou então que veja (mensalmente) retirado do seu escasso salário uma parcela significativa de descontos e impostos. Porque motivo (interrogar-se –há) vai ele necessitar de pagar a educação, saúde e a reforma de outros.

Ao mesmo tempo–inversamente-em outros continentes (sobretudo nos países com economias emergentes) assiste-se a níveis de crescimento e de acumulação de riqueza elevadíssimos, mas com a particularidade de as politicas sociais protecionistas serem praticamente inexistentes.

Vem isto a propósito de um artigo assinado (regularmente) por Pedro Mexia no Expresso de 14 de julho (revista Atual), com o título “O Dinheiro É Imoral”. Escreve Mexia acerca de um ensaio de Michael J. Sandel (prof. em Harvard), em que este e passo a citar “defende a economia de mercado como sistema eficaz quanto à produção e distribuição de bens e serviço, mas questiona a bondade de uma sociedade de mercado, a sociedade em que tudo pode ser comprado e vendido. Muita gente tem criticado a desregulação e a financeirização da economia”. Mais insidioso ainda “a era do capitalismo triunfalista (do tharcheirismo ao Lehman Brothers) conseguiu que a lógica de mercado se sobrepusesse a todas as outras.

Felizmente que o mundo não para de evoluir tecnologicamente e  ideologicamente e assim vai permitindo encontrar os novos paradigmas que regularão uma sociedade globalizada mais justa e equitativa.
No seu tempo Marx escreveu e quiçá com razão: de cada um segundo as suas capacidades a cada um segundo as suas necessidades

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