Na situação atual de
crise dizem certos economistas que as coisas nunca mais voltarão a ser na
Europa o que eram, fundamentalmente no que diz respeito ao estado social –
educação pública, saúde pública e aposentações (reformas). Esquecem-se,
provavelmente de forma propositada, de dizer também que nesta lógica não
voltarão os salários baixos praticados há 30 ou 40 anos.
Efetivamente o que se
está a tentar fazer é criar um clima, nas opiniões públicas europeias, de que o
modelo social europeu é insustentável do ponto de vista da racionalidade
económica. Em resumo os estados gastam de mais, não apenas porque são
excessivamente despesistas mas também porque o modelo, propriamente, é
insustentável.
Esta falsa ideia é
facilmente assimilada por um jovem devidamente habilitado e formado que se
encontre desempregado, ou então que veja (mensalmente) retirado do seu escasso salário
uma parcela significativa de descontos e impostos. Porque motivo (interrogar-se
–há) vai ele necessitar de pagar a educação, saúde e a reforma de outros.
Ao mesmo
tempo–inversamente-em outros continentes (sobretudo nos países com economias emergentes) assiste-se
a níveis de crescimento e de acumulação de riqueza elevadíssimos, mas com a
particularidade de as politicas sociais protecionistas serem praticamente
inexistentes.
Vem isto a propósito
de um artigo assinado (regularmente) por Pedro Mexia no Expresso de 14 de julho
(revista Atual), com o título “O Dinheiro É Imoral”. Escreve Mexia acerca
de um ensaio de Michael J. Sandel (prof. em Harvard), em que este e passo a citar
“defende a economia de mercado como
sistema eficaz quanto à produção e distribuição de bens e serviço, mas questiona
a bondade de uma sociedade de mercado, a sociedade em que tudo pode ser
comprado e vendido. Muita gente tem criticado a desregulação e a financeirização
da economia”. Mais insidioso ainda “a
era do capitalismo triunfalista (do tharcheirismo ao Lehman Brothers) conseguiu
que a lógica de mercado se sobrepusesse a todas as outras.
Felizmente que o
mundo não para de evoluir tecnologicamente e
ideologicamente e assim vai permitindo encontrar os novos paradigmas que
regularão uma sociedade globalizada mais justa e equitativa.
No seu tempo Marx
escreveu e quiçá com razão: de cada um segundo
as suas capacidades a cada um segundo as suas necessidades.
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