domingo, 9 de dezembro de 2012

Mo Yan - Prémio Nobel Lieratura/2012


Mo Yan em chinês significa Não Fales. Dizem que ao atribuirem-lhe este nome tiveram como principal objetivo que ele não dirigisse palavra a ninguém. Vivia-se então na China maoista i/é numa das piores ditaduras alguma vez existentes no planeta. O verdadeiro nome do homem é Guan Moye, mas este não será, seguramente, o nome que ficará registado (conhecido) para a eternidade.

Mo, nasceu em 17 de Fevereiro de 1955 e passou a sua infância numa aldeia rural, de seu nome Ping'na a cerca de 600 km de Pequim, rodeado de uma grande solidão e onde pairava a fome. "As minhas recordações" - escreveu - "estão cheias de solidão e fome". Na década de 60 do século passado, tinha então o novelista 5 anos, a vida na China era muito dificil, "por vezes não via nem falava com ninguém durane todo o dia". (Nota:para fazermos uma ideia do grau de pobreza e da falência das políticas económicas e sociais maoistas, estima-se que na década de 50 tenham morrido na China entre 15 e 45 milhões de pessoas).
Aos doze anos deixou a escola para ajudar a família, dedicando-se ao trabalho agrícola da apanha do algodão e ao pastoreio de animais, mas sempre que tinha um momento livre dedicava-o à leitura. Leu muito, mas a sua grande influência foram as histórias que lhe contava o seu avô. A “minha infância está cheia de espíritos” e foi, ao mesmo tempo muito influenciada pelo realismo mágico de Garcia Marques e por autores como Tolstói e Faulkner. Aos 18 anos começou a trabalhar numa fábrica e pouco depois alistou-se no Exército Popular de Libertação para poder comer todos os dias.

Foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura de 2012. Desde que soube deixou de estar contatável, desapareceu publicamente. O seu telemóvel deixou de funcionar e o telefone da sua casa de Pequim não atende. Entretanto a atribuição do Nobel tem suscitado polémica. Alguns escritores e dissidentes tem acusado Mo Yan de ser um autor próximo do Partido Comunista da China, do qual é membro e de ter apoiado as perseguições aos intelectuais oposicionista ao poder político vigente. Mo não resiste à acusação e responde dizendo, “creio que as pessoas que me criticam não leram os meus livros, pois se o tivessem feito, perceberiam os riscos que corri”.

O rabanete transparente” (1986) foi o seu primeiro êxito literário, o segundo “O milho vermelho” obra composta por cinco volumes. Em 1992 publica “A republica do vinho”, onde satiriza a corrupção governamental e a obsessão chinesa pela comida e pelo álcool.

O Nobel agora conseguido para a literatura contemporânea chinesa, significa que esta passou a ter lugar no panorama literário mundial.

Não Fales receberá amanhã em Estocolmo o prémio, onde se prevê que esteja acompanhado pela sua mulher e pela sua única filha.

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