O jogo pressupõe a existência de
regras, pressupõe também que as mesmas sejam cumpridas e aplicadas de maneira
igual por todos os intervenientes.
Contudo, a realidade diz-nos que o
atropelo pelos executantes dessas mesmas regras é uma constante e que o risco
da alteração dos objetivos essenciais do jogo é enorme.
Assim, tornou-se necessário criar os
mecanismos de acompanhamento, vigilância e arbitragem, com vista ao
cumprimento das regras e também à obtenção de consensos.
Nesta perspetiva a democracia é o
terreno, por excelência, da evidência, da transparência e do contraditório,
tornando-se estes princípios os baluartes da essencialidade de um jogo
equilibrado e equitativo – não fazendo assim, qualquer sentido, ganhar de
qualquer maneira… .
Nestes dias o que está a acontecer nos
Estados Unidos da América é um bom exemplo que nos oferece a mais velha
democracia do mundo. O partido republicano, com maioria na Câmara de
Representantes, está boicotando a aprovação do orçamento e concomitantemente a
autorização do endividamento do Tesouro. O objetivo do Tea Party – fação mais conservadora e radical do partido
republicano – é impedir que o governo americano prossiga as políticas de saúde,
sufragadas eleitoralmente, e que aproximariam os EUA dos europeus no que diz
respeito aos seus sistemas de saúde.
Para o efeito o Tea Party utiliza uma técnica que consiste na perversão do sistema
parlamentar, convertido num entrave da política, em vez de ação politica. Já que
não pode dominar o executivo, nem legislar o Tea Party impede que os outros governem legitimamente.
A isto já alguns, pelos vistos muitos,
chamam o sequestro da democracia – a forma mais infame e desonrosa de modificar
as regras de jogo.
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