quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

PODEMOS - suspeitas e dúvidas

O Podemos cresce e avoluma-se por ter sido, com alguma intensidade, menosprezado e desvalorizado por certo poder e imprensa espanhola. Ao mesmo tempo que a crise associada á corrupção aumentava, o Podemos começou a ser tratado, por alguns órgãos de comunicação, como um novo fenómeno político. Os resultados obtidos nas últimas eleições ultrapassaram, com bastante folga, as sondagens, previam um e no final foram 5 (cinco) eurodeputados eleitos. Resultado imediato PÂNICO. De repente criou-se um vazio de compreensão. E o vazio em política é inaceitável e considerado perigosíssimo. Por outro lado, quando as forças politicas afectas aos partidos tradicionais (PP e PSOE) olharam para os dirigentes do Podemos fizeram-no de maneira desconfiada e pouco valorativa. Manifestaram não estar, de forma alguma, formatados para a nova realidade. Ao colocarem ainda a questão de se saber qual é o projecto político do Podemos, receberam uma resposta que complicou ainda mais as coisas, gerando ainda mais confusão. Ao mesmo tempo que as coisas avançaram, o caudal de apoio ao novo fenómeno político aumentou, criando mais instabilidade e incerteza nas forças políticas tradicionais. Ao serem levantadas suspeitas de corrupção sobre os dirigentes do Podemos as coisas complicam-se ainda mais. O efeito obtido foi contrário ao desejado. A imagem é de alguém tentar desesperadamente apagar um fogo, introduzindo ainda mais fogo. Com toda a certeza o problema não surgiu por existirem fortes divergências ideológicas, surgiu por haver, certamente, divergências políticas, mas fundamentalmente por cansaço social e por falta de enquadramento económico, político de uma nova geração. Ao analisarmos a base social de apoio do Podemos, verificamos que ela assenta fundamentalmente na classe média, nas populações com maior nível de instrução e sobretudo em gente urbana. De gente que quer mudar, mesmo não sabendo em quê, bastando-lhe, por agora, saber que alternativa no imediato é de alguém que tenta simplesmente ocupar o espaço vazio criado pelas forças politicas tradicionais. Esta nova gente, grande parte dela, nasceu em plena democracia.

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